sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Entrevista com Misto quente. Um eterno conservador!

Bom dia senhor Misto. Como anda sua vida ultimamente?

Bom dia. Minha vida não vai nada bem. Estou com a popularidade baixa, ninguém me pede mais nos balcões das padarias e lanchonetes, e pelo que percebo a nova geração nem sabe que eu existo.

Nossa! Mas o senhor tem alguma idéia do que causou sua queda?

Ah minha filha! Minha decadência se iniciou há alguns anos. Primeiro veio o tal de Bauru, todo pomposo, com aquele tomate quente!!! Quem nesse mundo ia imaginar que as pessoas comeriam TOMATE QUENTE?? Ele só serve pra queimar a boca! Depois veio sanduíche de Pernil, Churrasco Grego, Carne Louca... Daí em diante, tudo desandou.

Antes dessa entrevista, tive uma conversa com um amigo seu, o Pão com Manteiga. Ele está muito bem, e se diz satisfeito com a vida que leva.

Então, antes éramos só nos dois. Ele continua bem porque é bem rápido de fazer, e nos dias atuais como se dizem “Time is Money”.

Já que o senhor tocou neste assunto. O que acha dos restaurantes Fast Food?

Ahhhh! Eles são o símbolo do meu fracasso. Com todas aquelas cores, opções de todos os tamanhos, até música eles têm!

(neste momento percebo uma lágrima escorrer na face de nosso entrevistado)

Me desculpe a emoção. É que fico indignado com as pessoas. Será que elas não percebem que esses sanduíches não são saudáveis? Que elas estão se matando? Será que não enxergam que pagam MUITO mais do que eles realmente valem? O mundo realmente mudou!

O que o senhor tem a dizer às novas gerações e às antigas que não te consomem mais?

Quero que os antigos mostrem aos jovens que ser simples também é legal. Que eles voltem a fazer piqueniques no parque para conversar e estreitar relações. Pois sou da época em que as pessoas tomavam café da manhã em casa, todos juntos, outro valor que se perdeu através dos anos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Soutien




É Sutiã ou Soutien?

- Cara, hoje em dia, com a globalização e a crise, tanto faz como tanto fez.

Mas o que você prefere?

- Já disse... pra mim, tanto faz. No fundo, não faz a menor diferença.

Posso dizer que você não tem opinião própria então?

- Claro. Como eu poderia ter opinião própria? Eu já estive pra me tornar obsoleto diversas vezes, ja fui queimado em praça pública, já fui símbolo da maturidade juvenil... minha vida é uma crise existencial completa.

Esse negócio de ser queimado em praça pública deve ser barra né?

- Barra? Isso arde.

Fale-me mais sobre isso.

- Cara, você quer mesmo falar disso? A mulherada ficou louca, a gente segurava a onda legal, éramos grandes, confortáveis e elas resolveram descontar toda a raiva por sua incompetência histórica em cima da gente. Isso chega a me queimar por dentro.

Como assim incompetência histórica?

- Seguinte... olha o próprio ato. Queimar soutien como forma de protesto, beleza, lindo... protesto contra o que? Contra os homens, certo? Agora me responda você: como homem, você ia se sentir ultrajado de chegar na praça da cidade e ver um monte de mulher arrancando o soutien e queimando?

Acredito que não.

- Confessa cara, você ia ficar é com tesão.

Tá, mas que incompetência tem nisso?

- Incompetência no sentido real da palavra. A mulher quer assumir um papel que não cabe a ela.

Que loucura, um soutien machista...

- Machista nada porra. Eu entendo mais de mulher que qualquer mulher. Sei do que elas realmente precisam.

Tenho até medo de perguntar o que seria...

(não conseguindo conter o sorriso malicioso) - Não, não é disso que eu to falando safadinho. Estou falando de querer ser homem. A mulher, em vez de procurar seu espaço, quer tomar o espaço do homem. Ela se preocupa tanto com o homem que esquece de se preocupar com ela mesma. Queimar soutiens, hum, isso é ultrajante. Ignorância pura.

Você acabou de dizer que não tem nada de ultrajante.

- Pô cara, achei que tu era inteligente heim. Não é ultrajante pra você, mas é uma afronta à inteligência e à estratégia. Olha bem pra mulher moderna... é um homem de saia...

Algumas usam calças...
(gargalhadas) - É você tem razão, algumas usam calças. Mas o que quero dizer que a feminista se porta exatamente como o machista. É só uma inversão de papeis.

Tá, mas onde entra o soutien nessa história?

- Como assim onde entra o soutien? Onde sempre esteve: nos peito, porra.

(a entrevista teve que ser interrompida porque um grupo de feministas invadiu a sala e sequestrou o entrevistado)

De frente comigo mesmo


Por que essa repentina fixação por entrevistas?
- Há tempos eu venho brincando, falando que deveria ir ao programa do JÔ. Até que parei para pensar, e vi que não preciso ser entrevistado por ele. Posso ser entrevistado por mim mesmo, como agora, entrevistar o que eu quiser, quem quiser, entrevistar algo que nunca sequer teve vida. A idéia do blog surgiu daí.

Me parece um pouco coisa de maluco isso, você não acha?
- Acho.

E?
- E o que?

Isso não te incomoda?
- Parecer maluco, fazer coisa de maluco, ou ser maluco?

Não sei, você sabe como deixar alguém confuso.


(Risos)

- Na verdade, não é maluquice. É só algo diferente. Quando as pessoas se deparam com aquilo que não estão acostumadas, ficam assustadas. Ficam buscando explicações e razões, quando não se é necessário ter nem um, nem outro.

Certo. Isso parece um pouco rebeldia, você se considera uma pessoa rebelde?
- Não. Alguns me chamam de rebelde, mas não sou. Acho que rebelde é uma pessoa inconformada, porém sem causa. Também não sou nenhum inconformado, seja com a natureza, com a sociedade nem nada. Sou uma pessoa convicta. Fiel às minhas idéias. Agora se isso for rebeldia...

Essa entrevista pode parecer que temos dupla personalidade, o que você acha?
- Acho que não, e você?

Não sei. Há algum tempo você se envolveu em uma polêmica, onde foi chamado de “homofóbico”, o que você tem a dizer sobre isso?

(Suspira impaciente)

- Se sou, não sei. Não me irrito com a opção sexual das pessoas, irrito-me com as atitudes. Homossexuais cobram tanto respeito e direitos e acabam se esquecendo de tratar as pessoas da mesma forma. Isso me deixa inconformado.

Você também é muito criticado por falar sua opinião de forma dura, isso acontece?

(Risos)

- Praticamente voltamos ao assunto de uma das primeiras perguntas. As pessoas estão acostumadas a mentir ou omitir opiniões uma das outras, e quando isso não acontece, gera espanto. Seu eu acho uma pessoa chata, feia, inconveniente, eu falo para ela que ela, enquanto todos ficam buscando outras formas, ou mesmo disfarçando. Não acho que isso é uma qualidade minha, apenas tento evitar a hipocrisia. Mas sei que em algumas vezes pego pesado, acontece espontaneamente. Todo temos defeitos.

Possui uma religião?
- Olha, religião não. Fui batizado em Igreja Católica, e fiz até catecismo, obrigação soa muito forte, então digamos que por orientação da minha avó paterna. Sou cristão, acredito em Deus e tudo mais. Mas não sigo uma religião regularmente. Não me dou muito bem com a religião católica hoje em dia. Frequento mais Centros Espíritas desde que mudei para Uberaba.

Vou encerrar provisoriamente a entrevista por aqui, pois me parece que você tem muito para contar. Continuamos depois, o que acha?
- Acho que na segunda parte, eu deveria entrevistar você. Que tal?

Fechado
- Ok.

Vestido Rosa (Entrevista realizada em Sto. André pela correspondente Bruna Belela)


A última coisa que li sobre você foi que estava na delegacia. Conte um pouco sobre essa passagem por lá.

-Tive que prestar depoimento e fazer exame de “corpo delito”. Foi uma situação constrangedora. Eu já estava frouxo (ressalta que seu tamanho é 38) e ainda me viraram do avesso, amassaram e esticaram, não estava acostumado com isso.

Conte um pouco da sua história para os leitores.


-Eu tive uma criação tradicional. Sou da região do Bom Retiro em São Paulo e vim de uma confecção judia. Sempre fui bem tratado pelas modelistas e costureiras. Até na loja, a maioria das vendedoras eram carinhosas. Até que um dia, uma desesperada me vendeu pra um manequim maior que meu tamanho. Tentei argumentar, mas a louca da vendedora jogou seu chaveco. Fui comprado! Desde aí, minha vida não teve sossego.

(Enquanto ouço o trecho acima, percebo uma tensão em suas fibras, o entrevistado fica realmente abalado.)


Consegue nos contar mais?


-Prefiro manter em sigilo, disse tudo na delegacia. O principal o país todo já sabe. É um desaforo as pessoas me julgarem sem ao menos me conhecer, ou experimentar. Sei que há um preconceito em relação ao poliéster no Brasil, acho que isso contribuiu negativamente para minha imagem.

Você pretende aproveitar a fama repentina?

(Irritadíssimo!)


-Não estou dizendo?! Não foi intencional, não quis aparecer. Eu estava começando a aceitar minha cor, após 2 anos de terapia. Pretendia seguir minha vida, me tornar um vestido de baile. E agora não posso sair que as pessoas me olham, apontam. Já voltei para minhas sessões semanais. Quem sabe um dia, nesse país de desmemoriados eu consiga voltar a ser anônimo.

Tem alguma coisa que ainda gostaria de dizer?


-Só peço às pessoas que sejam menos preconceituosas e não julguem as roupas pela cor, fibra, ou região onde foi comprado. Experimentem, olhem no espelho, dêem uma voltinha para sentir o caimento. E principalmente não se deixem influenciar por vendedoras desesperadas
!

Sr. Panetone






Me desculpe, é a primeira vez que faço uma entrevista, e devemos combinar que você não é um entrevistado muito convencional.



- Fique tranquilo, não deve ser muito difícil.



Bem, vamos lá. Nome?



- Panetone



Somente Panetone?


- De Frutas Cristalizadas



Certo. Sugiro começarmos logo com as polêmicas e deixar de lado as cerimônias, o que me diz?


- Sou mal humorado e impaciente. Isso responde sua pergunta?



Ok. O que você tem a dizer sobre as Colombas Pascoais?


- Sabe, não quero parecer preconceituoso, já sofri muito por causa disso. É a opção delas, se querem ter forminhas de nuvem, de coelhinho, ou qualquer outra coisa, o problema é delas. Só não venham dizer que somos todos iguais.



Isso me parece soar machista demais para alguém que tem o corpo cheio de, digamos, frutas.



- Qual é, você me disse que a entrevista era séria.



Me desculpe. Vamos mudar de assunto. Você credita a que, ou a quem, a perda de prestígio do Panetone nos últimos natais?



- São vários os fatores viu, antigamente éramos os astros do período pré-natal. Mesmo porque no dia de Natal, a concorrência é muito forte. Tem o peru, a rabanada, o arroz que não sei porque diabos inventam de enfiar frutas nele etc. Mas ainda sim, esperavam o ano inteiro por nós, e hoje em pleno mês de março, é possível ver “panetones” (resmunga e acende um cigarro), em padarias, embalados em papel celofane, aff. Acho que foi isso, marginalização da profissão.



Como é a convivência com os novatos no ramo, como os trufados, de gotas de chocolate, com sorvete etc?



- Sabe, acho que tem espaço para todo mundo, cada um faz o que quer. Não vou criticar ninguém, mas posso dizer que sou bem tradicional e conservador.



O que mais te irrita?



- Aqueles malditos que retiram as frutas com o dedo, ou me enchem de requeijão. Se querem retirar as frutas, que vão comer pão francês e me deixem em paz.



Realmente o humor não é uma de umas virtudes, não é mesmo?



- Da próxima vez entreviste o Flipper.



Gosta de esportes?


- Futebol.



Algum time em especial?



- Portuguesa Santista



Mande uma mensagem de Natal para os leitores.



- Que tenham todos um feliz Natal, com muita paz, esqueçam as castanhas, e prefiram alguém com corpo fofinho, que venham em caixas com aquela fitinha para carregar, isso sim é tradicionalismo. Latas e celofane? Baff...



- Foi ótimo te entrevistar.



Não posso dizer o mesmo.